quinta-feira, 13 de abril de 2017

https://www.youtube.com/watch?v=rKK8VQIvkH4

A igreja perseguida



Nos últimos anos, a minha atenção foi cativada por um segmento do Corpo de Cristo que tem sido chamado de Igreja Sofredora.
Tratam-se daqueles que, por serem cristãos, foram sequestrados e sobre eles nada se sabe. Dos encarcerados nas mais diversas formas (domiciliar, pública, social, emocional etc.), dos deslocados de suas terras e casas, dos preteridos de professarem abertamente a sua fé e, ainda, daqueles que sofrem pela exclusão social ou pela angustiante miséria. É chocante notarmos que um em cada três cristãos no mundo de hoje sofre algum tipo de perseguição, e cerca de 120 milhões habitam em regiões onde há perseguição hostil.
Não podemos fechar os olhos, nem o coração, para esta Igreja que vive e sofre.
O sofrimento não é novo na história do povo de Deus. Em Atos capítulo 8, a Igreja que amava a Jesus e se ajuntava em Jerusalém passou por uma de suas mais fortes provações. No primeiro verso desse capítulo, Lucas nos diz que a Igreja era “perseguida”, utilizando aqui um vocábulo grego – diogmos – que significa um forte e visível ataque. Indicava que o sofrimento da Igreja nesta época de dispersão era perceptível por todos. Homens e mulheres eram mortos, outros encarcerados, famílias partidas ao meio e aqueles que conseguiam fugir deixavam para trás suas vidas e história. Essa “perseguição” era, portanto, um terrível sofrimento físico, visível e violento.
No segundo verso, Lucas nos diz que a Igreja “pranteava” a morte de Estêvão. O autor, inspirado, escolhe a expressão grega kopeton, que significa a dor da alma, ou bater no peito para expressar esse pranto. Mostra que a Igreja se melancolizava pelo caos ao seu redor e, assim, não havia apenas dor no corpo, mas também na alma. A Igreja chorava de forma visceral a morte de Estevão, e tantos outros, sofrendo tanto física quanto emocionalmente.
No terceiro verso, somos levados a ler que Saulo “assolava” o povo de Deus, utilizando-se aqui a expressão elumaineto, que possui a mesma raiz da usada em João 10:10, ligada à destruição da fé e das convicções quando se refere àquele que veio roubar, matar e destruir. Trata-se de um sofrimento espiritual quando os alicerces das convicções mais profundas são atacados.
Estes três níveis de sofrimento descritos em contexto de perseguição em Atos 8 (físico, emocional e espiritual) podem muito bem ilustrar as vias de dor da Igreja ao longo de sua história, bem como nos dias de hoje. Deve ensinar-nos que: (1) seguir a Cristo – e mesmo fazê-lo com devoção e fidelidade – não isenta o crente do sofrimento; (2) em meio a esses sofrimentos não estamos sós, pois maior é Aquele que está em nós; (3) o sofrimento é uma oportunidade de se alicerçar a fé – daquele que é provado no dia mau – e de expressar amor e sincera solidariedade – por parte daquele que pode estender a mão.
A Coréia do Norte apresenta a mais intensa intolerância religiosa no mundo de hoje e por sete anos se destaca em primeiro lugar na Classificação de Países por Perseguição editada pela Portas Abertas Internacional. Encontros cristãos são proibidos e somente realizados sob alto risco e custo. Há pouquíssimas bíblias no país e, assim, poucos cristãos com seu próprio exemplar da Palavra de Deus. Há, no momento, cristãos encarcerados e tantos outros sequestrados, na Argélia, Azerbaijão, Eritréia, Iêmen, Indonésia, entre vários outros países. No Irã, a Missão Voz dos Mártires notifica a forte intimidação sobre aqueles que professam sua fé em Jesus. À medida que a Igreja cresce, também cresce a perseguição. Na década de 90, muitos líderes cristãos foram assassinados.
A Eritréia passa pela época de mais intensa perseguição religiosa em sua história. A distribuição de Bíblias não é permitida e em 2002 todas as igrejas evangélicas foram fechadas por ordem governamental. Cerca de dois mil cristãos foram presos por se reunirem para louvar a Deus. Muitos são mantidos em condições subumanas, celas subterrâneas ou containers de metal.
No Egito, um recente relatório sobre os direitos humanos apontou para a perseguição semivelada dirigida aos 80 milhões de cristãos coptas que não conseguem permissão para construir igrejas ou orar em casa. Acontecem cerca de quatro ataques por mês contra os coptas no país, e 144 ataques já foram registrados em 2009.
No Iraque, milhares de cristãos continuam a fugir da violência, tanto em Bagdá quanto em Mosul, deixando para trás suas casas a procura de refúgio no Curdistão e outras áreas de fronteira. Os cristãos no Iraque, que eram 1.4 milhões em 1987, não passam hoje de 500 mil. Esses cristãos deslocados enfrentam severa provação, pois se encontram em solo estranho sem emprego, carreira, dinheiro ou amigos.
No norte da Índia, a perseguição contra os cristãos deslocou um grande número de pessoas que ainda não puderam voltar para suas casas. Igrejas foram queimadas e prevalece o sentimento de insegurança. Apenas na região de Karnataka foram registrados 56 ataques ao longo de 2009 contra igrejas e cristãos.
As restrições para partilhar de Jesus atingem os mais diversos países e áreas. Transitam desde algumas reservas indígenas da Amazônia, passando pelo Norte da Nigéria até o distante Afeganistão.
Devemos orar e trabalhar para que: (1) Cristãos ao redor do mundo recebam exemplares da Palavra de Deus; (2) Os países e regiões onde há clara perseguição cristã possam experimentar abertura política, social e religiosa; (3) Cristãos sob perseguição sejam encorajados, e aqueles sob intensos ataques sejam fortalecidos no Senhor; (4) Sejam libertos os que, sob perseguição, foram encarcerados ou sequestrados; (5) Cristãos deslocados sejam apoiados para recomeçarem a vida em novas regiões; (6) O testemunho dos perseguidos possa guiar muitos aos pés do Senhor Jesus; (7) A Igreja livre possa juntar-se em um só espírito àquela que sofre perseguição.
Em um país da Ásia Central, vi recentemente irmãos que amam a Jesus colocando suas vidas, famílias, carreiras e reputação em risco, alto risco, para testemunharem do amor do Pai. É necessário nos juntarmos a eles para chorar com os que choram e encorajá-los a seguirem este caminho estreito, que os leva à alegria que se renova pela manhã.

Ronaldo Lidório

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Igreja Sofredora: ousando ser a voz de nossos irmãos


.
“O Deus que concede perseverança e ânimo dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” – Romanos 15:5-6.
 Nesta semana, tivemos a oportunidade de receber em nossa sede (Colombo-PR) um irmão que faz parte da Release International, organização parceira da MAIS, que serve à causa da igreja perseguida. Foi um momento abençoador, para compartilhar testemunhos e projetos desenvolvidos com a igreja de Cristo ao redor do mundo.
Segundo ele, os locais que apresentam maior crescimento da igreja são aqueles em que existe perseguição a cristãos. Quando essa realidade é contrária, o que vemos, infelizmente, costuma ser a igreja estática ou decrescendo. A relação entre crescimento e perseguição é notável, como na China e Índia, onde mais de mil pessoas se tornam cristãs todo dia. “É claro que não precisamos orar para que Deus traga perseguição para nós e assim cresçamos, mas podemos nos espelhar nas experiências desses irmãos para crescer.”
A Europa, como disse nosso parceiro, é o único continente em que a fé cristã está realmente decaindo. Os prédios que eram de igrejas estão sendo vendidos para se tornarem shoppings, teatros, lojas, mesquitas ou templos hindus. “Uma das coisas que precisamos fazer é ensinar para os países do norte do globo, a teologia da perseguição e que somos um só corpo”.
Falar de perseguição, mesmo em lugares em que a igreja não é perseguida, é muito importante, e Deus se move poderosamente sobre toda e qualquer situação. “Temos muito o que aprender com esses irmãos que sofrem, com sua paixão, sua perseverança e bravura”. Portanto, não deixemos de orar e lembrar deles como membros de nossa família, sendo também seus porta-vozes em nossa igreja, cidade e país. Ousemos ser a resposta da igreja que sofre.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Pais convertidos aos seus filhos

O profeta Malaquias conclui seu livro falando sobre a conversão do coração dos pais aos filhos e a conversão do coração dos filhos aos pais. Esta é uma necessidade vital da família. O que faz um lar feliz não é tanto o lugar onde moramos, mas como vivemos dentro de casa. Relacionamento é mais importante do que coisas. Nenhum sucesso profissional compensa a perda dos filhos. Mas, como os pais podem converter seus corações aos seus filhos?
1. Tenha tempo para os seus filhos – Quem ama tem tempo para a pessoa amada. Os filhos precisam vir antes dos amigos. Os pais precisam agendar tempo para estar com os seus filhos. Os pais precisam se interessar pelos assuntos de seus filhos: estudos, namoro, conflitos, anseios, frustrações, sonhos e desafios. Os pais precisam aprender a ouvir e a falar com os filhos. Presentes não substituem presença. A maior necessidade dos filhos é de coisas materiais, mas dos próprios pais.
2. Seja exemplo para os seus filhos – Os pais são espelhos para os filhos. Os pais ensinam mais pela vida do que pelas palavras. Um exemplo vale mais do que mil discursos. Os pais ensinam os filhos não o caminho, mas no caminho. Os pais precisam falar não apenas aos ouvidos de seus filhos, mas também aos olhos. Quando os pais desobedecem a Deus, eles geram filhos para o cativeiro (Dt 28:41), porém quando os pais consagram-se a Deus bem como colocam seus filhos no altar de Deus as brechas são restauradas e a nação é abençoada (Is 58:12).
3. Seja intercessor de seus filhos – Antes de falar de Deus para os nossos filhos, precisamos falar de nossos filhos para Deus. Orar pelos filhos é uma sublime missão que os pais precisam abraçar. Os nossos filhos precisam mais de Deus do que de conforto. A Bíblia fala que Jó intercedia por todos os seus filhos diariamente pelas madrugadas. Mesmo sendo um homem rico e com a agenda congestionada, ele dedicava o melhor do seu tempo para orar pelos filhos. Não abra mão de ver os seus filhos no altar de Deus. Seus filhos são herança de Deus. Eles são filhos da promessa. Você não gerou filhos para o cativeiro. Lute pelos seus filhos, chore por eles, ore e jejue por eles até que eles sejam coroas de glória nas mãos do Senhor.
4. Não tenha predileção por um filho em detrimento de outro – Muitos pais cometem esse grave erro de dar mais valor e elogiar mais um filho do que a outro. Essa atitude gera ciúmes e mágoas; produz revolta e amargura. Isaque e Rebeca cometeram esse grave erro. Isaque amava mais a Esaú, enquanto Rebeca tinha predileção por Jacó. Essa atitude dos pais colocou um irmão contra o outro e trouxe amargas conseqüências para toda a família.
5. Perdoe os seus filhos – O exercício do perdão é uma necessidade básica para relacionamentos saudáveis. Os nossos filhos falham conosco e falhamos com os nossos filhos, por isso, precisamos perdoar uns aos outros. Quando o filho pródigo caiu em si e arrependido voltou para a casa do Pai, antes mesmo de terminar a sua confissão, o pai o abraçou, beijou e o restaurou, festejando a sua volta ao lar. O perdão é a terapia divina para as feridas da alma. O perdão não é uma questão de justiça, mas de misericórdia. Perdoar é espremer todo o pus da ferida e ficar sarado e liberto da mágoa. Perdoar é viver além das lembranças amargas e sepultar no mar do esquecimento as ofensas recebidas. Perdoar é ficar livre e deixar a outra pessoa livre.
Rev. Hernandes Dias Lopes